Say-eat gap e a Geração Z
O que acontece se “você é o que você come”, mas não come o que você acredita?
🍳Eu passei os últimos 10 dias morando em uma fazenda no interior da Inglaterra. Pela primeira vez na vida, comi ovos de galinhas criadas livres (de verdade), os quais eu mesma recolhi. Apesar de sempre saber que deveria optar por eles ao fazer minhas compras no mercado, não posso negar que os ovos mais em conta sempre me atraíram mais. Além disso, eu pensava: “será que são livres mesmo ou é só propaganda?”
Mas o que isso tem a ver com Marketing e Negócios?
Nível de conservantes. Quantidade de calorias. Procedência dos alimentos. Bem-estar animal. Sustentabilidade. Nenhuma geração, até hoje, teve tanto acesso à informação quanto a Geração Z. Isso não é novidade. Mas essa quantidade de informação acaba trazendo preocupações que as gerações anteriores não possuíam.
Afinal, o que acontece quando os consumidores acreditam que devem comer ovos de galinhas criadas livres, mas quando estão no supermercado ainda optam pelo produto mais barato? Ou se sabem que a marca do seu shampoo preferido faz teste em animais, mas ainda não tiveram coragem de experimentar uma nova?
Gen Z, você acredita no que você come?
Uma pesquisa realizada pela Ketchum mostrou que 2/3 dos consumidores Gen Z acreditam que seus padrões de alimentação estão ERRADOS. E, aqui, entendemos como errado não somente o fato de ter muitos produtos químicos ou altos níveis de calorias.
Esses consumidores já se tornaram muito mais conscientes do que as gerações passadas, de modo que ingredientes vindos de fontes sustentáveis, bem como o bem-estar animal também são fatores que impactam na sua percepção em relação ao que comem.
Se por um lado, uma maior consciência em relação ao que se consome é positivo, seja do ponto de vista ambiental, social ou da saúde. Isso não significa que as pessoas estão de fato agindo como gostariam, ou como acreditam. Por exemplo: 76% dos consumidores Gen Z dizem que sustentabilidade é um fator importante ao comprar alimentos. Contudo, somente 16% afirma buscar por ingredientes de origem sustentável ao realizar suas compras.
As consequências…
Isso significa que existe um “Say-Eat-Gap”, ou seja, uma lacuna entre o que esses jovens consumidores valorizam e o que de fato comem. Este conflito cria uma dissonância cognitiva, uma vez que os consumidores possuem tais valores, mas não conseguem agir de acordo com eles diante das prateleiras do mercado.
O resultado disso é uma Geração Z mais ansiosa, com maior probabilidade de atribuir emoções negativas à comida do que as outras gerações. Ou seja, eles estão estressados e buscam ser compreendidos pelas empresas alimentícias.
🍋Do limão uma limonada
E o que as marcas podem fazer em relação a isso?
👉Facilitar a localização das informações, mostrá-las de maneira confiável e identificável são algumas dessas ações. Mais da metade dos consumidores da Geração Z (56%) pesquisam práticas de sustentabilidade antes de comprar uma nova marca. Entretanto, 66% compartilharam que consideram difícil encontrar informações sobre como os alimentos que compram são cultivados e produzidos.
Logo, as marcas não devem se intimidar em compartilhar suas informações sobre procedência em alto e bom tom, apostando em campanhas que dialoguem com essa dor do consumidor, transformando o que hoje é um sentimento do negativo em algo positivo.
Obviamente, um dos mecanismos para isso é usar os canais da marca, como YouTube e TikTok, para fortalecer sua atuação responsável. Mas sem se esquecer do importante papel que os criadores de conteúdo possuem nessa seara e que devem ser vistos como importantes aliados.
Afinal, quando se trata de conteúdo alimentar, 70% dos jovens seguem algum creator, que dialoga com esse tema, sejam chefs ou pessoas que exibem um estilo de vida que seus seguidores se esforçam para ter e idealizam.
Dados
🛒 73% dos entrevistados Gen Z acreditam que a indústria alimentícias é ambiciosa e preza apenas pelo lucro (Ketchum).
👉 46% dos consumidores Gen Z recorrem ao TikTok para receitar e as chances são ainda maiores de confiar em um vídeo ou alimento viral (Ketchum).
🌎 63% dos consumdiores Gen Z se sentem pressionados para “mudar o mundo” e possuem maior probabilidade de acreditar que suas escolhas alimentares precisam sinalizar seus valores em relação à saúde e pensamento políticos (Food Dive).
🍟 Pessoas nascidas entre 1997 e 2012 são responsáveis por 40% do total de consumidores nos Estados Unidos (Food Dive).
"Quando uma mulher assume uma posição de liderança, ela não apenas abre portas para si mesma, mas também para todas as outras mulheres que a seguem. Liderar é não ter medo de ocupar o espaço que lhe pertence, e de inspirar outras a fazerem o mesmo."